Ao vivo é ao vivo, André Forastieri

André Forastieri, R7, 09/06/2010

AO VIVO É AO VIVO

Vou para Los Angeles a trabalho. Antigamente, passava um tempão destas viagens em livrarias / comic shops
/ lojas de discos. Agora passo zero segundo. Livro e gibi compro pela internet direto dos EUA barato e não
tenho que carregar.

Daqui a pouco vai ser compra só digital e boa em um iPad da vida (mas não me rendi ainda. O iPad parece
MUITO legal. Se comprar um, meu tempo online, que já é 80% do tempo que passo acordado, vai virar 99%.
Não é uma boa ideia).

Ano passado em L.A. foi chocante ver a liquidação final da Virgin, loja monstra que existia no Hollywood
Boulevard. Essas cadeias todas, HMV, Virgin etc. foram para o espaço, mas essa liquidação era final de
verdade - até os monitores de LCD nas paredes em cima dos caixas tinham etiquetinha de desconto. Comprei
três CDs de recuerdo, um muito bom, do Yeah Yeah Yeahs. Foram os últimos discos que comprei em uma
loja.

O mundo mudou tanto em tão pouco tempo que já existe o Dia da Loja de Discos, o Record Store Day. O
último foi outro dia, 17 de abril. Mais de mil lojas independentes nos cinco continentes participaram. O Blur
lançou uma nova música em vinil especialmente para o evento. Algumas lojas tiveram shows. Quem diria.

Agora, outra E3, outra viagem para Los Angeles, com algumas pessoas que nunca estiveram por lá. Vou em
loja de quadrinhos? Vou na Meltdown, que tem coisas que jamais sonhei existirem.
Vou em loja de CD/DVD? Vou na Amoeba, a maior loja independente do mundo, trombar com os bons sons
que nunca ouvi, os filmes sobre os quais  nunca li. O que tem lá tem na  internet, sim, mas e o prazer de estar
fisicamente em lugares tão incríveis?

A diferença entre passar uma hora na Amoeba e passar uma hora baixando música é a mesma entre ver um
Monet no seu PC ou ver o mesmo quadro ao vivo; ouvir a banda no iPod ou em um estádio; visitar Atenas ou
ver fotos do Partenon na Wikipedia.

Ao vivo é ao vivo.